RUI PEDRO JORGE É UM LONGO CAMINHO

Rui Pedro Jorge

É um longo caminho, é o nome da minha exposição na galeria MCO Arte Contemporânea, de que fui vizinho nos tempos felizes que passei no Porto. É também a primeira vez que estou sózinho a expor nesta cidade.

O nome, É um longo caminho, surge da tradução de,  It’s a  long way. Uma das letras de Caetano Veloso que compõe o seu álbum Transa de 1972, que foi gravado ainda durante o seu período de exílio em Londres.
Os trabalhos que apresento são dos anos  2013, 2016 e 2017. 

A única pintura de  2013  faz uma alusão ao néon do Texas bar no Cais do Sodré, onde nunca entrei! 
Na realidade a pintura não é nada fiel à referência que lhe deu origem. 
Todas as outras surgiram após uma situação, talvez  patética, mas importante. A partir desse momento já fiz muito do meu trabalho.
Passo a contar:

Um dia que não sei precisar, perto da frutaria que mais frequento em Lisboa,  cujos proprietários são uma família de simpáticos imigrantes chineses, comecei a ter a sensação de estar a ser observado. 
Nas suas imediações, localizada no Bairro das Colónias, encontro muitas vezes estacionada uma carrinha Hyundai branca. 
A carrinha poderia ter sido irrelevante não fossem as formas retangulares que contra uma das suas janelas estavam espalmadas! As ditas formas retangulares eram um tipo de caixa de cartão comum nas frutarias que, naquele contexto, se tornou evidentemente humanizada. 
É por isso que me sentia tão observado.
E daqui surgiram soluções e motes para algumas pinturas que fiz a partir do ano de 2013. 

Em É um longo caminho as pinturas são ideias. Para todos os efeitos considero que foi a  relação da cor, das formas - círculos e retângulos e seus derivados - o foco do meu interesse.

O  trabalho aqui reunido resume momentos de muito prazer na artesania de pintar e isso faz-me sentir, ou talvez não, feliz.