O título da exposição certamente lembrará a possibilidade de uma relação onírica com a arte, mas logo a contraria. “Stuffing my dreams into my head” poderia ser ainda mais explícito se se chamasse “Stuffing my dreams back into my head”. Sonhos que regressam à cabeça como se se resignassem à sua insignificância e ineficácia, atulhando um cérebro que confirma a sua condição de coisa material. Testando a resistência de cérebro enquanto cabeça que se preenche, testando a resistência dos ossos das suas paredes, sempre na eminência de rebentar, numa densidade que não pára de aumentar. As telas que se encostam e comprimem nas paredes da galeria assumem uma relação literal com o título, telas escolhidas de diferentes séries de pinturas, lugares de concentração de jogos conceptuais que potencialmente se desdobram, provavelmente para dentro. Relação desencantada com a arte que, ansiosamente, espera uma cura.
António Olaio, 2015